09/11/2016

Ela

Postado por Juliana às 02:58 0 comentários
Ela chorou um oceano antes de dormir. Em seus olhos ainda há vestígios da melancolia recorrente de todas as noites. Ela busca a paz dentro de si mesma. Ela se busca dentro de si mesma. Busca sua essência e toda sua virilidade que perdeu ao ser tratada pelo mundo de um jeito que não esperava.
 Ela é ingênua. Ou talvez esperançosa? Ela acha que as pessoas podem ser boas e que um dia toda a maldade vai acabar. Ela acha que o fato de dar amor vai fazer com que ela seja tão amada quanto ama.
 Ela teve os sonhos perdidos. Já não acha tanta graça ao delirar sobre casamento e filhos. Não se anima como um dia achou que se animaria ao sair de casa. A faculdade já não ocupa sua mente. Na verdade, mais nada ocupa a mente dela além de pensamentos que a sufocam.
 Ela tem medo. Medo do mundo, medo de todos, medo da família, medo do namorado,  medo dos amigos. Ela tem medo de ficar só, de ser abandonada já que ama todos a sua volta na maior de suas intensidades. Ela tem medo de perder a sua única vocação.
 Ela diz saber amar. Ela sabe amar. Ela se entrega de alma em um romance e o sente dentro de si intensamente. Que tolice ela esperar que as pessoas também sejam assim. Ela já passou por isso outras vezes e acredite, seu mundinho acabou em todas elas. Seria completamente fora de noção ela esperar que alguém ao seu redor um dia corresponda a essas loucuras?
 Ela é teimosa. Não aprende, mesmo a vida tendo ensinado certas coisas da pior forma.  Ela deveria ter aprendido a esconder o que sente e nunca se entregar tanto. Mas quer saber? Ela não vê o mínimo de graça em viver assim.
 Ela gosta de se jogar e não se importa com a queda. Por mais que a machuque, ela gosta de cuidar, de amar, de ficar tentando fazer alguém feliz. Ela sofre muito quando nada disso dá certo, mas quando se recupera, não se arrepende de nada. Ela gosta de viver nas suas ansiedades e intensidades, no final das contas.
 Ela é uma criança, uma menina que pouco conhece da vida. Ainda com vestígios da pureza de quem acabou de sair da adolescência. Ela sabe que as pessoas um dia irão acabar com essa ingenuidade da pior forma.
 É por isso que ela vive intensidade cada uma das emoções que sente.

01/10/2016

Na Eternidade de Um Mês

Postado por Juliana às 07:17 0 comentários
Menina
Tu andas só
Desacompanhada
Aos olhos de quem vê
Pobres coitados
Mal sabem
Que amas como ninguém
Alguém distante de ti
Vivo no coração
E na eternidade de um mês.

Menina
Tu sabes ser alguém
Que ama sem juízo
Quem se vê pouco
E mal sabes
O tamanho
Do teu próprio sentimento
Ardendo no peito
Sem cessar por um minuto
Na eternidade de um mês.

Menina
Tu sobrevives sem
Mas sabes que a vida
Fica mais bonita
Com as cores que ele traz
No sorriso que te cativas
Fazendo teu mundo
Um lugar melhor
Mesmo que duas vezes

Na eternidade de um mês.


05/07/2016

EU SINTO SUA FALTA...

Postado por Juliana às 21:33 1 comentários
 Eu sinto sua falta. Sinto falta de te ter ao meu lado como você sempre esteve. Sinto falta de cada cor que você costumava pintar o meu mundo. Sinto falta de poder te dizer o quanto eu te amo a cada manhã. Sinto falta do seu acolhimento por trás de todo caos.
  Eu sinto falta dos domingos ensolarados que passávamos juntos. Sinto falta de beber saudade a semana inteira e de te surpreender com uma visita fora da rotina. Sinto falta de andar na praia com os pés descalços, deixando pegadas desajeitadas por todo caminho.
 Eu sinto falta de procurar com você um lugar verde para atualizarmos nossas fotos juntos. Sinto falta de fazer muitos nadas no final de semana. Sinto falta de rir das suas piadas que eu nem sempre achava graça. Sinto falta de pegar os centavos contadinhos que nos restavam para ir tomar um sorvete.
Eu sinto falta de deitar no seu peito. Sinto falta da sua cama, do seu edredom e do seu travesseiro. Sinto falta de fazer planos olhando para o teto, determinada a realizar cada um deles. Sinto falta do seu abraço frouxo que fazia eu me sentir mais protegida que filho de mão coruja.
 Eu sinto falta de esperar o ônibus com você no ponto no finzinho do final de semana. Sinto falta de ficar maravilhada com o céu estrelado sob as nossas cabeças. Sinto falta de me sentir tão pequena no mundo normal, mas tão grande no nosso mundo. Sinto falta dos nossos pequenos momentos que eram gigantes para nós dois.
 Eu sinto falta de te ver entusiasmado com o jogo que acabou de fazer download. Sinto falta de te ver me explicando cada coisinha dele e eu achando o máximo sem ao menos entender as regras. Sinto falta de te ver tirar a mão do mouse por um segundo só para colocar meu cabelo atrás da orelha. Sinto falta de ver seus olhos fixos nos meus esperando que eu fosse para o seu lado da força.
 Eu sinto falta de ter com quem sonhar. Sinto falta de ter para quem dar todo o amor que existe no meu peito e que agora só acumula. Sinto falta de transbordar de felicidade pelo simples fato de estarmos indo para outra cidade juntos. Sinto falta de imaginar a casa que seria nossa... os filhos que seriam nossos... a vida que seria nossa. Eu sinto falta de te abraçar para perceber que é a coisa mais importante da minha vida.
 Eu sinto sua falta...

18/10/2015

GIZ PASTEL

Postado por Juliana às 08:48 0 comentários
Mil formas de céu
Era a noite esfumada
Sonhando com véu
A garota pintada.

Cabelo ao léu
O vento, a sacada
Corre o papel
A formosa traçada.

De emoções, carrossel
Com a cor borrada
Injustamente era réu
Por ter sido amada.

No quarto de hotel
Pintava calada
Com giz pastel

A artista ansiada.


04/09/2015

VOLTANDO!

Postado por Juliana às 14:54 0 comentários

Depois de muito tempo, a inspiração voltou. Não sei o que a move após um bloqueio criativo de quatro meses. Espero que as coisas fluam bem produtivas por aqui (e que outros bloqueios se afastem). Peço desculpas a todos os meus leitores!
  Mas agora: lápis apontado, dedos nos trinques e lá vamos nós!

05/04/2015

SOBRE ALGUÉM QUE JÁ SE FOI

Postado por Juliana às 14:14 0 comentários
Numa tarde entediante de domingo, decidi dar um jeito na bagunça do meu guarda-roupas. Separando por cores, por aquelas que ficarão e que irão para a doação, encontro o vestido preto básico rendado nas costas que eu escondi. Seria apenas um vestido preto básico rendado nas costas se não carregasse consigo toda uma história. Uma história que teve fim e que traz lembranças que fibrilam o coração.
 Sento na cama ao ao lado do notebook que tocava uma playlist indie, com o tal vestido colado ao corpo. Olhos estáticos. Respiração sem ritmo. Todo um flashback passando pela cabeça de alguém que já estava entrando em outro conto. As memórias de todos os dias vieram com uma entonação e força que eu jamais esperaria. E se ainda está em dúvida sobre o que essas memórias dizem respeito, te digo que é alguém.



Penso nele todos os dias desde que decidi acabar com tudo e ir embora depois de tantas decepções. Essa foi uma escolha dolorosa, mas precisa. Hoje vejo que fiz certo, já que minha vida começou a caminhar direito depois disso. Fiz amigos e entrei em círculos. Encontrei outro alguém e estou muito bem.
 Já faz um tempo que tudo aconteceu e o sentimento que eu tinha se perdeu com as épocas e situações enfrentadas, mas dizer que eles simplesmente desapareceram é algo forte demais. Ou não. Vai ver o que ficou se chama saudade.
 Algumas vezes me flagro pensando sobre como ele está, se também pensa em mim quando olha para o céu, sobre o que está fazendo naquele horário ou se já conseguiu arrumar o emprego. Ainda mais ousada e com culpa, me pego em suas redes sociais atrás de notícias, talvez por pura curiosidade.
 Quando folheio meu diário, encontro os desenhos dos traços dele e as exaltações relatadas sobre momentos que passamos juntos e as desavenças que surgiam. Estados de espírito que eram explícitos na letra em itálico que preenchem as linhas.
 Outro dia, fazendo a limpeza na pasta de downloads, apagando as músicas desnecessárias e arrumando os livros em PDF numa pasta a parte, encontrei um arquivo bem no final. Era um texto para roteiro que ele havia escrito e me enviara para analisar perto da época em que tudo entre nós estava começando. Situação digna de onde nos encontramos, poetas que somos (ou éramos, talvez ele tenha parado com isso). O texto era incompleto, cheio de reticências entre chaves e o diálogo de um homem e uma mulher. Sobre esse texto: narrou tudo que estava para acontecer com nós dois um ano depois do envio do mesmo. Sentia meus olhos mareados, fechei o notebook e fui ocupar a cabeça com algo que sequer me lembro.
 Quando coisas assim acontecem, vou até a sacada do meu quarto e olho para o céu. Vejo que ele continua o mesmo, mas sempre movimentando-se e cada hora com nuvens de formas diferentes (talvez haja uma metáfora por trás disso, pensemos). Também olho para as mesmas árvores que moram na frente da sacada, que eram pequenas e ouviam meus desabafos depois das discussões que eu tinha com ele. Me ouviam tanto que hoje estão corpulentas e cheias de frutos de consolos que ali inseminei um dia.
  
Disso tudo ficam as dúvidas e a saudade do que um dia já foi e não há de ser de novo. Uma coisa que marcou a vida e que aguarda algo melhor para cobrir as cicatrizes que estão desaparecendo. As coisas não são mais como uma fênix, elas lamentavelmente acabaram e não podem ser reconstruídas. E tudo isso por pura escolha. Escolha minha. O que havia para ser vivido, foi vivido. No seu devido tempo e na sua devida circunstância.
 Às vezes não entendemos que as coisas são todas cronometradas para acontecerem e que um dia acabam. Sobra nos conformarmos e seguir em frente. A maturidade vem com o tempo e se eu consegui, qualquer um consegue, sem exceção.  


Guardei o vestido e junto com ele todas as lembranças do que já foi.

27/03/2015

CORAÇÃO PARTIDO

Postado por Juliana às 11:23 0 comentários
O Senhor Amargo da vida tocou novamente a minha campainha. Me escondi atrás do sofá e vez ou outra observei sua sombra por debaixo da porta. Ele é um entregador que todos temem ou deveriam temer. Não adianta... Ele sempre traz consigo algo ruim, te manda avisos e, pensando nisso, logo um envelope preto correu por debaixo da porta. O abri, peguei uma folha pautada e a mensagem que continha em itálico era:

“VOCÊ DECIDE... OU ABRE OU ACABO COM A SUA PORTA

Com medo de mais danos a minha integridade, abri. Aparentemente, o Senhor Amargo já partira, deixando na porta uma caixa de papelão que muito tinha viajado e ao andar ao redor dela, observo a palavra FRÁGIL em letras garrafais na lateral esquerda. Com medo do pior, cuidadosamente a levei para dentro de casa e a coloquei sob a redonda mesa de vidro da copa. Meu estômago congelou como nunca e decidi, por fim, abrir e ver o que é que me esperava.
 Ao abrir, me surpreendi com o tanto de papel e plástico bolha que protegia a encomenda. Significava algo realmente frágil, como indicava na caixa e dessa vez até mesmo me assustei com o cuidado que tiveram em proteger a coisa ruim que a minha intuição já podia prever. Aos poucos fui desvendando o que continha dentro daquela maldita caixa de papelão.

 Uma pancada tão grande no meu peito me tirou o fôlego. Eu sentia minha garganta arder na tentativa falha de não deixar que um grito de dor escapasse. Algo lá dentro sangrava tanto que logo deixou de ser um sangramento para se tornar uma hemorragia. 
A encomenda que me aguardava era mais um coração partido.


 

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